sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Lápide do Mau Poeta

        Bom... É o fim, acabou, não tem mais, já passou. Não é que seja você, sou eu... Não! Na verdade é você mesmo. E assim termina algo que nunca deveria ter começado. E assim termino com algo que vocês nunca mais vão ver.
         A poesia de um amigo já apresentado. Paulo Guerra de Souza.



A Lápide do Mau Poeta 


O almíscar dos assassinos,
Estupradores, assediadores ou justiceiros.
O miasma da ignorância,
Impregnado nos caminhantes, que nada fazem.

A cidade é baseada na morte e no horror,
Os açougues e cemitérios,
Rendas vivas sobre o não-tão-vivos.

Nos pomos em torpor
Para acostumar
Ao ultimo e mais esperado.

A criança sofre e chora e sente fome;
Recebe bala e ferro na alimentação.
A criança sente frio e solidão.
Morre. Recebe a mortalha de plástico.

O mendigo pede.
E ao invés de virar o olhar, encaro-o,
Vejo nos olhos a tristeza e a piedade
Nos transeuntes,
A miserabilidade e o egoísmo.

A ânsia de andar para frente.
A ânsia da velocidade
A ânsia pelo fim
A ânsia da morte.

Tudo muda,
O rabecão, carro do ano.
O mausoléu, apartamento novo.
O caixão, a cama-de-madeira-de-lei.
A lápide, travesseiro de mármore.
A terra revirada, edredom terroso.

Prefiro o lamaçal, a ribanceira,
O valão, a cova rasa.
Morrer sem ladainha, choro ou fumaça.
Servir de alimento para a grama,
Aos vermes, aos urubus e ao Sol.

Quero fugir da riqueza,
Que me contamina,
Da minha riqueza.
Ser pobre de espirito
Ser pobre em tudo.
Até na morte. Principalmente na morte.

Beber fiado em cada bar de esquina,
Comer de graça em cada lar
Viver no limite é minha forma de luta

Os ossos ruídos, a carne podre,
Os açougues e cemitérios.
A sociedade é baseada na morte e no horror
E minha maior tristeza
É não conseguir fugir.



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