Bom... É o fim, acabou, não tem mais,
já passou. Não é que seja você, sou eu... Não! Na verdade é você mesmo. E assim
termina algo que nunca deveria ter começado. E assim termino com algo que vocês
nunca mais vão ver.
A poesia de um amigo já apresentado.
Paulo Guerra de Souza.
A Lápide do Mau
Poeta
O
almíscar dos assassinos,
Estupradores,
assediadores ou justiceiros.
O
miasma da ignorância,
Impregnado
nos caminhantes, que nada fazem.
A
cidade é baseada na morte e no horror,
Os
açougues e cemitérios,
Rendas
vivas sobre o não-tão-vivos.
Nos
pomos em torpor
Para
acostumar
Ao
ultimo e mais esperado.
A
criança sofre e chora e sente fome;
Recebe
bala e ferro na alimentação.
A
criança sente frio e solidão.
Morre.
Recebe a mortalha de plástico.
O
mendigo pede.
E
ao invés de virar o olhar, encaro-o,
Vejo
nos olhos a tristeza e a piedade
Nos
transeuntes,
A
miserabilidade e o egoísmo.
A
ânsia de andar para frente.
A
ânsia da velocidade
A
ânsia pelo fim
A
ânsia da morte.
Tudo
muda,
O
rabecão, carro do ano.
O
mausoléu, apartamento novo.
O
caixão, a cama-de-madeira-de-lei.
A
lápide, travesseiro de mármore.
A
terra revirada, edredom terroso.
Prefiro
o lamaçal, a ribanceira,
O
valão, a cova rasa.
Morrer
sem ladainha, choro ou fumaça.
Servir
de alimento para a grama,
Aos
vermes, aos urubus e ao Sol.
Quero
fugir da riqueza,
Que
me contamina,
Da
minha riqueza.
Ser
pobre de espirito
Ser
pobre em tudo.
Até
na morte. Principalmente na morte.
Beber
fiado em cada bar de esquina,
Comer
de graça em cada lar
Viver
no limite é minha forma de luta
Os
ossos ruídos, a carne podre,
Os
açougues e cemitérios.
A
sociedade é baseada na morte e no horror
E
minha maior tristeza
É
não conseguir fugir.
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